Seja pelo curto prazo de campanha ou pela redução do número de cadeiras no parlamento, senador falou que a disputa não será fácil na América do Sul
Por: Fernanda Coutinho, do jornal A Tribuna
Definindo as eleições italianas do próximo dia 25 de setembro como “muito difíceis em todos os sentidos” o senador eleito pela América do Sul Fábio Porta, conversou com a reportagem por telechamada direto de Caracas, capital da Venezuela, um dia antes de chegar a Vitória. Seja pelo curto prazo de campanha ou pela redução do número de cadeiras no parlamento para representantes dos italianos no exterior, o senador acredita que a disputa não será fácil.
“É pouco tempo de campanha. Infelizmente, a comunidade ítalo-capixaba é pouco conhecida na Itália. Escolhi Vitória e Porto Alegre (RS). São as que detêm a história mais importante. O primeiro grupo organizado de imigrantes italianos chegou no Espírito Santo”, afirmou o candidato.
Fabio Porta, que é do Partido Democrático (PD), destacou que as últimas eleições foram realizadas em março de 2018. “Assumi em janeiro deste ano, após comprovada a fraude, com perícia, na Argentina de 15 mil cédulas”, afirmou.
O Parlamento italiano possui 12 membros eleitos no exterior – oito deputados e quatro senadores. A circunscrição exterior da América do Sul, da qual os cidadãos italianos residentes no Brasil fazem parte, irá escolher três representantes: um para o Senado e dois para a Câmara dos Deputados. A Argentina é o maior colégio eleitoral, com cerca de 700 mil eleitores, seguida do Brasil, com aproximadamente 400 mil.
“Houve uma redução pela metade do número de representantes. Vou concorrer para a Câmara, porque com a redução, a América do Sul só terá um senador e dois deputados e o PD me pediu para concorrer à Câmara, por possibilidade maior de eleger representante”, afirmou Porta.
Porta compõe como candidato ao Senado Andrea Matarazzo do Partido Socialista Italiano (PSI). O atual senador define como um acordo de composição dentro da lista “para fortalecer a comunidade italiana”. “Aceitei o convite do Andrea Matarazzo de unificar nossa lista, de ele participar como nosso candidato ao Senado”, destacou.
Entre usa propostas estão: defender a cidadania italiana por direito de sangue e difundir o ensino da língua e da cultura italiana e mais informações para os italianos no exterior.
“Em 2016, fizemos uma lei, que foi aprovada e que transfere 30% dos fundos arrecadados (nos consulados) para serviços aos ítalo-descendentes”.
Questionado pela reportagem sobre a lei de sua autoria, que inicialmente transferiria um percentual muito maior dos fundos para melhoria dos serviços consulares, respondeu: “Inicialmente, era transferir tudo para o ‘fundo da cidadania italiana’. Depois de dois anos de luta na Câmara, chegou-se a esse percentual de 30%. Vou lutar para que seja pelo menos de 50%”.
Sobre os posicionamentos xenófobos de partidos e comportamentos preconceituosos da própria população italiana em relação a imigrantes, Porta considera que esta é uma “tendência míope”.
“É uma tendência míope não só da direita ou da esquerda, sempre fui contra. Defendo a abertura e a inclusão. Ítalo-descendentes devem ser aceitos e integrados e muitos jovens que nasceram na Itália”.
O senador destacou que a Itália é um país que está em recessão demográfica e defendeu que o país tenha uma política migratória. “Temos que ter uma política migratória de inclusão, mesmo sendo filho de brasileiros, albaneses, mas temos que favorecer os ítalo-descentes, para favorecer a economia e ter uma Itália nova, aberta”.
O candidato destaco que, devido à tendência de a população ver o estrangeiro como um perigo e haver a tendência à xenofobia, pretende propor uma nova lei. “O ítalo-descendente enfrenta preconceito. Vamos aprovar a lei que introduz o ensino obrigatório nas escolas da história da Itália no mundo”.
Fábio Porta é sociólogo, tem 58 anos. É natural de Caltagirone, na Sicilia. É casado, tem duas filhas e mora em São Paulo há 25 anos.