Garantir pelo menos uma cadeira no Parlamento Italiano para o Brasil. Este o objetivo maior do sociólogo Fabio Porta, duas vezes deputado e ex-senador da República italiana, de novo candidato nas eleições antecipadas do dia 25 de setembro próximo pelo PD – Partito Democratico. Embora sem ainda definir se concorrerá para a Câmara ou para o Senado, ele confirmou sua candidatura (assim quer o partido) como “uma bandeira de legalidade contra as fraudes eleitorais” ocorridas na Circunscrição Eleitoral do Exterior, especialmente as de 2018.
Porta informa que o ex-senador e ex-deputado Fausto Longo não será candidato e que, em seu lugar, conforme os entendimentos havidos, poderá concorrer o ex-embaixador do Brasil na Itália, Andrea Matarazzo, que se filiou ao PSI – Partito Socialista Italiano recentemente. As definições, em última instância, serão tomadas pelo partido nos próximo dias.
“As próximas eleições – raciocina o ex-senador – serão diferentes das outras em função do corte de 50% sofrido pela representação da América Latina no número de cadeiras no Parlamento”. Antes eram dois senadores e quatro deputados; agora serão apenas dois deputados e um senador. O colégio eleitoral da Argentina é quase o dobro do Brasil, que, mesmo abrigando a maior comunidade itálica do mundo, “corre o risco de, pela primeira vez, ficar sem representação no Parlamento.
“Cada voto pode ser determinante”, diz o candidato que, apesar do curto espaço de tempo para todo o processo eleitoral por correspondência no exterior, advoga a necessidade de aumentar a participação dos eleitores. Ele imagina uma participação ideal de, pelo menos, 60%. “Esta não será uma disputa entre candidatos, mas uma disputa para saber da possibilidade da comunidade italiana do Brasil conquistar pelo menos uma cadeira no Parlamento”, observa Porta. Por isso, ele defende a concentração de votos em candidatos e partidos que realmente tenham condições de vencer.
Durante a tele-entrevista que Fabio Porta concedeu a Insieme na tarde do último sábado, ele respondeu a questões levantadas sobre diversos assuntos, entre eles os serviços consulares. Porta revelou que 50% das vagas disponíveis na rede consular da América do Sul atualmente não estão preenchidas devido à falta de funcionários interessados em trabalhar nos consulados da área e prometeu lutar para que a devolução dos recursos provenientes da “taxa da cidadania” seja devolvidos na proporção de 90%, e não 30% como acontece atualmente.
O candidato reconhece que os recursos da “taxa da cidadania”, em alguns consulados, não foram empregados conforme as disposições previstas mas que a situação acabou ensinando que o alegado problema de falta de recursos era apenas uma questão de retórica. “O que falta mesmo é vontade política”, afirma Porta.
Ele também vê contradição em programas como o “Turismo delle radici”, que apostam na participação da grande comunidade italiana no exterior, enquanto o próprio governo, através de sua advocacia, levanta teses como as da Grande Naturalização para obstacularizar o reconhecimento da cidadania italiana por direito de sangue.
Em continuidade ao discurso que levantou em 2008, quando se elegeu pela primeira vez ao Parlamento, Fabio Porta fez uma promessa: “No primeiro dia que eu entrar na Câmara, até porque conheço os segredos da arquitetura parlamentar, vou apresentar o projeto de lei que vai colocar em todas escolas italianas o estudo obrigatório da presença da comunidade italiana no mundo”.
Isso aconteceria através da inclusão de uma matéria interdisciplinar, abrangendo, por exemplo, da arquitetura à geografia, da literatura à música e às artes. “Esta seria a lei mais importante que eu poderia fazer”, diz Fabio, ao observar que a Itália (nem o povo, nem o Parlamento) não conhece a realidade dos italianos no mundo.
“O problema é cultural”, aduz o candidato, “então os italianos seriam convencidos pelo conhecimento” e certos temas, incluindo os debates sobre o “ius sanguinis”, deixariam de ser instrumentalizados pela esquerda ou pela direita e os ítalo-descendentes não seriam tratados como estrangeiros, como às vezes acontece, coisa que “não é justa, não é inteligente, nem oportuna”.
O candidato também falou sobre os antagonismos regionais e sobre a atuação dos parlamentares eleitos no exterior. “Para um trabalho conjunto, é preciso que todos trabalhem neste sentido” e não “apenas fazer propaganda nas mídias sociais”, estando “ausentes nas comissões e no plenário”, disse Porta.
Segundo ele “meu amigo Ricardo Merlo (Maie) talvez tenha participado em 5% das votações”, e “não teve a coragem de dizer sim ou não na sessão que determinou essas novas eleições”. Mais: “Onde estava o Maie quando cortaram cadeiras dos parlamentares eleitos no exterior? Não houve – assegura – sequer um discurso contra. Mais informações no vídeo que acompanha esta matéria.