Em 9 de março de 1454, nascia em Florença Américo Vespúcio, aquele que podemos considerar, legitimamente, o verdadeiro pioneiro da presença italiana no Brasil, bem como aquele que comandou a primeira grande expedição às terras brasileiras em 1499, não obstante o português Pedro Álvares Cabral.
A Associação de Amizade Itália-Brasil, ao final do ano comemorativo promovido pelo “Forum Amerigo Vespucci“, dirigido por Leonel Ribeiro, decidiu apoiar a apresentação do projeto, junto à UNESCO, da candidatura das expedições de Vespúcio ao Brasil e ao continente americano, como patrimônio da humanidade.
Navegador experiente e audacioso, o florentino Américo Vespúcio compartilha com Cristóvão Colombo a glória da descoberta da América. No curso de duas viagens (1499 e 1501), foi o primeiro a explorar quase toda a costa atlântica da América do Sul. Foi ele quem percebeu que as terras recém-descobertas não faziam parte da Ásia, mas de um Novo Mundo, que em 1507 o humanista e cartógrafo alemão Martin Waldseemüller propôs chamar, em sua homenagem, de “Americi terra”, ou América. Foi ele o primeiro europeu a entrar na “Bahia de todos os Santos”, no dia de Todos os Santos de 1501, para depois desembarcar no Rio, em 1º de janeiro de 1502.
Para nós italianos e para os milhões de ítalo-descendentes no Brasil tudo isso deve constituir, certamente, um motivo adicional de orgulho; uma referência histórica que, se isso fosse necessário, reforça ainda mais o vínculo indissolúvel entre os nossos dois povos, antes mesmo que entre os dois Países.
A história da Itália no Brasil, portanto, vem de muito longe e precede, em alguns séculos, a grande onda migratória do final do Oitocentos; em outras ocasiões, também tivemos a oportunidade de lembrar o papel muito importante, e muitas vezes esquecido, de outra ilustre precursora da presença italiana em solo brasileiro, a imperatriz Teresa Cristina de Bourbon. Foi graças a ela, como magistralmente lembrado e documentado pelo livro “Uma imperatriz napolitana nos trópicos“, do saudoso Nello Avella, que os primeiros mestres artesãos e artistas do sul da Itália chegaram ao Brasil.
Com os 566 anos do nascimento de Américo Vespúcio, queremos, enfim, prestar uma nova merecida homenagem àquela extraordinária epopeia italiana no Brasil que celebramos, poucas semanas atrás, em 21 de fevereiro, por ocasião do dia dedicado pelo Brasil à imigração italiana. De fato, trata-se de dois aspectos historicamente relevantes que, embora com características diferentes, merecem análoga ênfase e reconhecimento: por um lado, o corajoso pioneirismo de um dos maiores navegadores que a história da humanidade jamais viu nascer; por outro, a coragem igualmente épica e exemplar dos nossos imigrantes que desembarcaram por primeiro, nas costas do Espírito Santo.
Fabio Porta é sociólogo, coordenador do Partito Democratico (PD) na América do Sul, deputado eleito por duas vezes pela Circunscrição Exterior no Parlamento italiano. Autor de numerosos artigos e publicações em jornais italianos e estrangeiros, é presidente da Associação de Amizade Itália-Brasil; Vice Presidente do ICPE (Instituto para a Cooperação com os Países do Exterior) e Vice Presidente da Associação “Focus Europe”.
Fabio Porta
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