Em 2 de junho de 2008 o Brasil instituiu o dia nacional da imigração italiana; a data escolhida para celebrar a epopeia da maior comunidade estrangeira no Brasil (bem como a maior coletividade italiana no mundo) foi 21 de fevereiro. Em 21 de fevereiro de 1874, na realidade, desembarcaram no Brasil as 350 famílias da expedição organizada pelo empreendedor Trentino Pietro Tabacchi; o transatlântico a vapor “Sofia” desembarcou em Vitória, capital do Estado do Espírito Santo e berço da presença italiana no País.
O Reino da Itália havia sido proclamado a pouco mais de dez anos, enquanto que somente em 1871 Roma se tornou a capital de uma nação finalmente unida geográfica e politicamente, mas ainda dividida culturalmente e, principalmente, extremamente pobre em algumas áreas. Naquele período, era o nordeste do País a região mais pobre e sub desenvolvida, e exatamente dessa região chegaram no Brasil a maior parte dos imigrantes italianos.
O resto da história é conhecido; a imigração italiana estende-se rapidamente às regiões do resto do Brasil durante uma série de sucessivas e intensas ondas migratórias, consolidando-se no tempo como a mais significativa presença no Brasil de uma comunidade proveniente de um país estrangeiro; uma presença extraordinária em qualidade, além de quantidade, um caso único no mundo que hoje, também a maior enciclopédia on line, Wikipedia, codifica como a mais numerosa, considerando os 27 milhões de descendentes italianos residentes no Brasil, 8 milhões a mais que os ítalo-argentinos e 10 milhões a mais que os ítalo-americanos (respectivamente a segunda e a terceira coletividade no mundo em matéria de ítalo-descendentes).
Uma presença que, durante quase um século e meio, sedimentou-se em todas as camadas da sociedade brasileira, da economia à política, da arte à religião, da cultura ao esporte. Não seria possível compreender o Brasil de hoje sem conhecer os múltiplos aspectos da influência da imigração italiana no País; ela é evidente não só no sul e sudeste do grande país sul americano, mas o é em toda a parte, incluindo a Amazônia e o Nordeste brasileiro, onde a presença italiana seja talvez numericamente menos evidente mas não menos significativa da do resto do Brasil.
Esse enorme patrimônio não pode ser simplesmente relegado a um testemunho glorioso de um importante passado; hoje temos o dever – tanto no Brasil como na Itália – de prestar homenagem a essa história com iniciativas institucionais adequadas e perspicazes. através de acordos específicos com os consulados italianos no Brasil. Não somente a língua, mas também arte e cultura: a Itália é o País onde se concentra quase 70% do patrimônio cultural, conforme censo da UNESCO, a organização das Nações Unidas para a tutela da cultura no mundo; e emigração italiana no Brasil e no mundo pode e deve ser o prolongamento ideal desse inestimável tesouro, também fruto de uma história milenar que fez da península Itália o cruzamento das principais etnias e civilizações de todos os tempos.
A Itália também deve fazer sua parte para estar à altura da gloriosa epopeia de sua emigração no Brasil, principalmente potencializando a sua rede diplomático-consular no País que, mais do que qualquer outro no mundo, acolheu durante os anos um número verdadeiramente imponente de seus compatriotas. Em segundo lugar, promovendo iniciativas apropriadas para que se conheça de maneira séria e adequada a grandeza e o valor de sua presença no Brasil. Muitas vezes, na realidade, a ignorância e o preconceito estão na base de uma incompreensível subestimação por parte dos italianos da grandíssima influência existente de sua emigração no Brasil. À economia e à política, finalmente, a tarefa árdua, mas entusiasmante, de prestar homenagem com os fatos a essa história. Somente assim, 21 de fevereiro não será uma simples e cansativa comemoração, mas uma justa e devida homenagem à memória de tantas gerações que nos precederam, inicialmente pioneiros, depois testemunhas de uma combinação única de fertilidade e riqueza entre os povos da Itália e do Brasil!
Fabio Porta