Roma, 26 de outubro de 2019 – Assessoria de Imprensa On. Fabio Porta
A dificuldade do país é hoje o emblema mais recente de um continente em crise, social e política, mesmo antes de ser econômica
Dezoito mortos. Pelo menos 180 pessoas gravemente feridas. Suficientes esses dois dados para nos dar a proporção e a gravidade do que aconteceu no Chile nos últimos dias. Frente a um protesto espontâneo que envolveu todo o território nacional (em alguns casos ofuscado por atos de vandalismo desprezíveis), o uso desproporcional da força e a violação dos direitos humanos por parte das forças de ordem despertaram justamente a preocupação da opinião pública internacional.
O governo chileno, assim como demandam as forças democráticas de oposição, deve esclarecer imediatamente as circunstâncias da morte e do ferimento de muitos cidadãos. O protesto eclodiu devido a uma série de fatores específicos mas é quase unânime o reconhecimento dos gravíssimos erros do governo de Sebastian Pinera que, com suas escolhas de política econômica, agravou fortemente um quadro de crescente desigualdade social.
Tomo emprestadas as palavras de Nello Gargiulo, representante do Chile no Conselho Geral dos Italianos no Exterior: “Dos subterrâneos do metro o povo pacífico surgiu nas praças invocando também justiça e paz, para lançar as bases de uma sociedade em que a pessoa humana e a sua dignidade estejam efetivamente ao centro e na qual os frutos do progresso não se mantenham como privilégio de poucos”.
A dificuldade do Chile é hoje o emblema mais recente de um continente em crise, social e política, mesmo antes de ser econômica; a América do Sul ainda sofre e está, em alguns casos, à busca de um improvável equilíbrio entre os excessos do populismos fáceis e perigosos que, conforme a conveniência, se vestem de direita ou de esquerda. Esse é o desafio das forças progressistas e socio-democratas; uma aposta que justamente em Santiago do Chile, algumas semanas atrás, havíamos colocado ao centro de uma reflexão comum entre partidos políticos europeus e sul americanos.
Precursores oportunos de um debate que, às vésperas do voto na Argentina e Uruguay e, em um contexto continental cada vez mais instável e alarmante, torna-se hoje cada vez mais necessário e atual. A Itália e a Europa, histórica e naturalmente parceiros da América do Sul, não podem mais se eximir de um confronto permanente e em todos os campos sobre esses temas; de fato, deveriam voltar a lançar com força uma estratégia própria de relação privilegiada com uma região extraordinariamente rica de oportunidades econômicas mas, principalmente, interessada em redescobrir e valorizar a dimensão social e política da relação com o nosso País e o velho continente.
Fabio Porta
Ex parlamentar italiano e atual coordenador do PD na América Meridional
aise.it – 25 outubro 2019